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As telas do artista Antonio Peticov que compõem a exposição "Montanhas Sagradas e Transcendências" serviram de inspiração para um trabalho realizado na escola Padre José Francisco Bertero, situada no bairro São Simão, em Criciúma. As professoras Ana Lúcia Pintro e Evelyn Pereira Gomes de Sá trabalharam juntas num projeto que visa estimular a apreciação estética e a conexão entre a matemática e as artes visuais. A palestra “Montanhas, morros e cânions de que encantam!” foi assistida por todos os alunos dos Anos Finais, nesta sexta-feira, dia 12. “Nossos convidados falaram sobre suas experiências de vida em três montes pintados por Antonio Peticov e outros lugares conhecidos na nossa região pelo seu potencial turístico”, informou a auxiliar de direção, Sinara Cardoso.
Peticov é um renomado artista brasileiro que trabalha com pintura, desenho, gravura, escultura e ilustração. Ele criou capas de discos, uma obra famosa que homenageia Oswald de Andrade no metrô da capital paulista e fez aproximadamente 1500 telas e 800 desenhos importantes. A maior parte das telas, que fazem referências às montanhas, respeitam as dimensões do retângulo de ouro e suas medidas foram estudadas nas aulas de matemática com apoio de um programa de geometria dinâmica conhecido como Geogebra. “Nas aulas de artes exploramos a perspectiva através da técnica do ponto de fuga”, explicou Evelyn.
Os pontos turísticos da região sul catarinense também foram pesquisados pelos alunos do 9º Ano. Usando tinta guache e pincel representaram lugares como Dois Dedos, em Treviso, a Pedra Furada e a trilha do Imaruí, em Orleans, a trilha do Rio do Boi e o Cânion Malacara, em Praia Grande. “Eu escolhi pintar os Dois Dedos porque achei a pedra diferente. Ainda não conheço este lugar”, comentou a estudante Livinny Rodrigues.
Um dos palestrantes foi o representante comercial Elio Wessler. Há 37 anos, quando começou a trilhar, haviam poucas pessoas que praticavam esta atividade. Em 1987 sua paixão pelas caminhadas despertou quando ele fez pela primeira vez a trilha dos tropeiros que liga a comunidade de São Pedro, em Siderópolis, a Bom Jardim da Serra. Ele e o amigo Adalto Furlanetto são membros do grupo de trilhas Sintonia com a Natureza. Eles apresentaram mais de quarenta lugares que costuram trilhar, quase todos na região sul de Santa Catarina. O relato mais importante foi a aventura que realizaram em setembro do ano passado para conhecer o monte Roraima. Eles iniciaram a trilha no parque nacional localizado na Venezuela. Pagaram um pacote para fazer a trilha em sete dias, dormiram em dois acampamentos e em cavernas que chamam de hotel. Uma equipe de apoio com 12 pessoas trabalhou para os turistas levando as barracas e comida. Eles destacaram que suas fezes eram feitas em sacos plásticos e recolhidos para descarte em lugar adequado. “Carregamos uma mochila de uns 14 quilos. No primeiro andamos 13 quilômetros, no segundo dia 11 quilômetros e no terceiro dias iniciamos a subida na parte mais íngreme percorrendo mais sete quilômetros. Lá em cima andamos mais 18 quilômetros para conhecer cavernas e morros. Conhecemos a tríplice fronteira, entre o Brasil, Venezuela e Guiana”, relatou Furlanetto.
A professora Rose Reynaud viajou onze vezes para o Japão. Ela contou aos alunos que nasceu numa família muito pobre e, quando criança, não imaginava um dia conhecer este país. Reforçou a importância de ter uma intenção para que os sonhos se concretizem. Ela explicou que o monte Fuji é composto por três montanhas e reconhecido como patrimônio mundial da Unesco, assim como o Cristo Redentor. Ele tem 3776 metros de altura, é resultado de uma atividade vulcânica e tem um dono oficial que é a família Asama que recebeu este direito desde 1609. “Reparem que o mapa do Japão tem o formato de um dragão. O monte Fuji é sagrado para os japoneses que acreditam que um Deus mora lá. Tem mais de dez trilhas, nunca fiz, admiro quem faz. Dá para subir lá de ônibus, no alto tem uma estação meteorológica, um santuário e uma lojinha ", contou Rose.
O ex-professor de Educação Física, Manoel Rabelo, depois de aposentado andou pelas terras da Argentina, Paraguai, Bolívia e Peru. Na última viagem ele procurou conhecer as montanhas coloridas da Argentina. Fez amizade com um português que estava dando a volta ao mundo e acabou seguindo o roteiro dele, economizando dinheiro e chegando a Machu Picchu, no Peru. “Subir uma montanha é um exercício espiritual. Na vida encontramos inúmeros problemas e se não os resolvemos, temos que voltar ou contornar. Atravessamos riachos, valos, pontes e vamos indo. Assim é na vida. Vocês só vão entender porque vamos, quando fizerem o mesmo. Aqui na região tem bastante trilhas, convençam seus pais. Não precisam ir longe”, aconselhou Manoel.
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